Introdução
Você já se disse por que algumas terapias para autismo parecem não funcionar como prometido? Talvez você tenha ouvido falar da terapia ABA (Análise Aplicada do Comportamento) como uma solução milagrosa para ajudar crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas, ao acompanhar o processo, sentindo que algo estava fora do lugar.
Não é raro que pais e cuidadores fiquem confusos ou frustrados quando os resultados não aparecem. Afinal, a terapia ABA é extremamente reconhecida como uma abordagem baseada em evidências. Então, o que pode estar dando errado? Neste artigo, vamos explorar os erros na terapia ABA para autismo que podem comprometer o progresso do seu filho e oferecer insights práticos para evitar essas armadilhas.
Imagine investir tempo, energia e recursos em uma terapia que, em vez de ajudar, acaba criando mais barreiras para o desenvolvimento da criança. Isso acontece com mais frequência do que possamos imaginar, e o problema muitas vezes não está na ABA em si, mas na forma como é aplicada. Erros como ignorar as necessidades individuais, usar métodos ultrapassados ou até mesmo excluir você, como pai ou cuidador, do processo, podem transformar uma ferramenta poderosa em algo ineficaz ou até prejudicial.
Por isso, é essencial entendermos onde esses deslizes ocorrem e como são corrigidos. Então, prepare-se para uma leitura que vai esclarecer suas dúvidas e trazer dicas práticas para garantir que a ABA seja, de fato, um apoio importante na vida de sua família.
Por que a aplicação correta da ABA faz toda a diferença
A terapia ABA tem o poder de mudar vidas quando aplicada com cuidado e competência. Ela se baseia em princípios científicos para ensinar habilidades, reduzir comportamentos desafiadores e melhorar a qualidade de vida de crianças com autismo. No entanto, quando erros na terapia ABA para autismo acontecem, esse potencial se perde. O primeiro passo para evitar isso é considerar que a ABA não é uma receita pronta. Cada criança é única, e o que funciona para uma não pode funcionar para outra.
Muitos pais nesse mundo com grandes expectativas, mas sem informações suficientes para avaliar se o processo está no caminho certo. Por exemplo, você já parou para pensar se os profissionais estão realmente observando as necessidades específicas de seu filho? Ou você está apenas seguindo um roteiro genérico? Esses detalhes fazem toda a diferença. Neste tópico, vamos abordar como a falta de personalização pode sabotar os resultados e por que envolver a família é tão essencial.
Nos próximos parágrafos, você vai aprofundar um conteúdo detalhado que aborda os principais equívocos na aplicação da ABA. Vamos falar sobre a importância de avaliações bem feitas, o papel crucial da família, os riscos de abordagens punitivas e muito mais. Tudo isso com um objetivo claro: capacitar você a identificar o que funciona e o que precisa mudar na terapia do seu filho.

A base de tudo: avaliações completas e personalizadas
Tudo começa com uma boa avaliação. Sem ela, a terapia ABA é como um mapa sem destino. Os profissionais precisam analisar o comportamento, as habilidades e os desafios da criança antes de criar um plano. Ignorar essa etapa é um dos erros na terapia ABA para autismo mais comum. Quando isso acontece, as disciplinas acabam sendo genéricas, sem atender às reais necessidades do seu filho.
Pense assim: se o terapeuta não sabe exatamente o que uma criança já consegue fazer ou onde ela precisa de ajuda, como ele vai definir metas realistas? Uma avaliação detalhada leva tempo e exige observação cuidadosa, mas é o que garante que o plano seja feito sob medida. Segundo o Journal of Applied Behavior Analysis , programas bem-sucedidos sempre começam com uma análise minuciosa do comportamento (Kazdin, 2013). Então, pergunte-se: o terapeuta do seu filho dedicou tempo suficiente para entender quem ele é?
Erros na terapia ABA que comprometem o sucesso da terapia
Agora que entendemos a importância de uma base sólida, vamos mergulhar nos equívocos que podem surgir durante o processo. Esses erros na terapia ABA não são apenas falhas técnicas; eles retratam diretamente o bem-estar da criança e a confiança da família na terapia. A seguir, destacamos alguns dos problemas mais graves e como eles se manifestam no dia a dia.
1. Deixar de medir o progresso com dados concretos
Você já ouviu o ditado “o que não se mede, não se gerencia”? Na ABA, isso é uma verdade absoluta. Um erro na terapia ABA para autismo é não acompanhar o progresso da criança com dados claros. Sem isso, os terapeutas ficam no escuro, tomando decisões baseadas em suposições em vez de fatos. Para os pais, isso significa não saber se o esforço está valendo a pena.
A medição constante permite ajustar o plano sempre que necessário. Por exemplo, se o objetivo é ensinar a criança a pedir ajuda, os profissionais devem registrar quantas vezes ela consegue fazer isso sozinha. Sem esses números, é impossível saber se a estratégia está funcionando. Um estudo publicado no Behavior Analysis in Practice reforça que a coleta de dados é o coração da ABA baseada em evidências (LeBlanc et al., 2016). Certifique-se de que de que o terapeuta seu filho está anotando cada passo.
2. Excluir os pais do processo

Outro deslize grave é tratar os pais como meros espectadores. A terapia ABA não acontece só na sala com o terapeuta; ela precisa se estender para casa, para a escola, para a vida real. Quando os pais não são incluídos, as habilidades ensinadas correm o risco de ficar presas ao ambiente da clínica. Isso é frustrante, porque você, como cuidador, conhece seu filho melhor do que ninguém.
Envolver a família traz benefícios reais. Um artigo da Autism Speaks destaca que crianças cujos pais participam da terapia têm mais chances de evoluir e aprender (Autism Speaks, 2020). Tente imaginar: se você souber exatamente como desenvolver um comportamento positivo em casa, o progresso do seu filho não será muito mais rápido? Pergunte ao terapeuta como você pode fazer parte do processo, é um direito seu.
- IMPORTANTE: Os riscos de métodos ultrapassados ou mal aplicados – A ABA evoluiu muito nas últimas décadas, mas alguns profissionais ainda se apegam a práticas que não têm mais lugar na terapia moderna. Esses erros absurdos na terapia ABA para autismo podem até parecer inofensivos à primeira vista, mas têm consequências graves. Vamos explorar dois exemplos claros nos itens 3 e 4.
3. Uso excessivo de punições
Antigamente, a ABA incluía castigos como forma de corrigir comportamentos. Hoje, sabemos que o reforço positivo – elogiar ou recompensar o que uma criança faz bem – é muito mais eficaz. Mesmo assim, alguns terapeutas insistem em métodos punitivos, como gritar ou tirar algo que a criança gosta. Isso não é apenas causa de estresse, mas também pode afastar a criança da terapia.
O foco deve ser em incentivos o que dá certo. Por exemplo, se seu filho tem dificuldade em esperar uma vez, o terapeuta pode recompensá-lo com um brinquedo favorito quando ele consegue. O National Autism Center alerta que punições frequentes contra as melhores práticas atuais (NAC, 2015). Fique atento: a terapia do seu filho está construindo confiança ou medo?

4. Ignorar a comunicação alternativa
Muitas crianças com autismo enfrentam desafios para falar, mas isso não significa que elas não tenham o que dizer. Ferramentas como sistemas de troca de imagens (PECS) ou tablets com aplicativos de fala são essenciais para dar voz a elas. Um dos erros na terapia ABA para autismo é não usar essas opções de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA).
Sem CAA, a criança pode ficar frustrada, o que aumenta comportamentos como birras ou agressividade. Um estudo da American Speech-Language-Hearing Association mostra que integrar CAA na ABA melhora a comunicação e reduz problemas comportamentais (ASHA, 2021). Se o terapeuta do seu filho não explora essas ferramentas, vale a pena questionar o porquê.
5. A Intensidade da terapia e a realidade da família
A quantidade de horas dedicadas à ABA é outro ponto delicado. Programas abrangentes, que cobrem várias áreas de desenvolvimento, desativados entre 15 e 40 horas por semana. Já disciplinas focadas, como ensinar uma habilidade específica, podem precisar de menos tempo. O problema surge quando a intensidade não condiz com os objetivos.
Oferecer um programa completo com apenas algumas horas semanais é um dos erros na terapia ABA para autismo. Isso acontece por falta de recursos ou limitações de segurança de saúde, mas o resultado é o mesmo: a criança não recebe o suporte necessário. É como tentar construir uma casa inteira com meia dúzia de tijolos.
Converse com o terapeuta sobre o que é realista para sua situação. Se as horas são poucas, o plano deve ser ajustado para metas menores e mais alcançáveis. Um relatório do Behavior Analyst Certification Board enfatiza que a intensidade deve refletir nas necessidades da criança (BACB, 2020). Você já se perguntou se o cronograma atual faz sentido para o seu filho?
6. Falta de foco na vida cotidiana
De que adianta uma criança aprender algo na terapia se ela não consegue usar isso no dia a dia? A generalização, ou seja, levar as habilidades para fora da sala de terapia, é o verdadeiro teste de sucesso da ABA. Infelizmente, muitos profissionais esquecem esse detalhe.
Um erro absurdo na terapia ABA para autismo é tratar a clínica como o único ambiente de aprendizagem. Se seu filho aprende a pedir água com o terapeuta, mas não consegue fazer isso em casa, o esforço foi em vão. Os terapeutas precisam criar estratégias para que as habilidades sejam aplicadas em diferentes contextos, como brincar com amigos ou ir ao mercado.
Peça ao terapeuta para incluir atividades práticas que você possa repetir em casa. Um estudo do Journal of Autism and Developmental Disorders mostra que a generalização aumenta a independência da criança (Koegel et al., 2018). Afinal, o objetivo é preparar seu filho para o mundo, não apenas para a terapia.
7. Falha em avaliar as preferências da criança
Um equívoco comum na ABA é que, como lanches ou brinquedos. Na realidade, o reforço eficaz pode assumir muitas formas, e é essencial avaliar regularmente as preferências de um indivíduo para identificar os reforçadores mais potentes. Uma afirmação como “esse reforçador não funcionou” não tem sentido se não tivermos primeiro determinado o que é realmente reforçador para aquela pessoa em particular.
Avaliações de preferência contínuas são um componente crucial da ABA, permitindo-nos adaptar nossas intervenções ao perfil motivacional único de cada criança.

8. Desconsiderar os valores e preferências da família e do indivíduo
Já se foram os dias em que os profissionais de ABA podiam impor uma abordagem única sem levar em consideração os valores, crenças e preferências do indivíduo e de sua família. Conforme descrito nos princípios das práticas baseadas em evidências, respeitar a autonomia e o contexto cultural dos pacientes não é apenas um imperativo ético, mas também um fator-chave no sucesso a longo prazo de nossas intervenções.
Ao envolver ativamente as famílias no processo de tomada de decisão e incorporar suas perspectivas únicas, podemos criar programas de ABA verdadeiramente individualizados e eficazes.
9. Falha em buscar supervisão contínua
A prática eficaz de ABA requer supervisão e supervisão contínuas, independentemente do nível de educação ou experiência do profissional. O papel da supervisão é semelhante ao de uma revisão científica por pares, fornecendo uma perspectiva independente e crítica que pode melhorar a qualidade e a integridade da intervenção.
Os profissionais que tentam implementar a ABA sem o apoio de supervisores qualificados não estão apenas negligenciando um princípio fundamental do campo, mas também colocando seus clientes em risco de resultados ruins.
10. Falta de preparo para situações de crise
Indivíduos com TEA podem, por vezes, apresentar comportamentos desafiadores, incluindo agressão ou automutilação, que exigem protocolos especializados de gestão de crises. Os profissionais de ABA devem ser adequadamente treinados e equipados para lidar com essas situações de alto risco de forma segura e eficaz.

Deixar de ter um plano claro de gestão de crises, ou de trabalhar proativamente para evitar a escalada de comportamentos desafiadores, é uma omissão significativa que pode comprometer o bem-estar tanto do paciente quanto da equipe de tratamento. Familiarizar-se com protocolos de gestão de crises baseados em evidências, como os programas Safety Care (SC-ABA) ou Professional Crisis Management (PCM), é um aspecto essencial da prática responsável de ABA.
Conclusão: transformando dúvidas em soluções
O campo da ABA fez progressos tremendos nas últimas décadas, solidificando sua posição como uma abordagem altamente eficaz e baseada em evidências para apoiar indivíduos com autismo. No entanto, à medida que a demanda por serviços de ABA cresceu, também cresceu o risco de implementação inadequada ou até mesmo prejudicial.
Ao estar vigilante em relação aos 10 erros descritos neste post, famílias, cuidadores e profissionais de ABA podem trabalhar juntos para garantir que cada indivíduo com TEA tenha acesso às intervenções de ABA de mais alta qualidade e impacto possível. Avaliações malfeitas, exclusão de pais, punições desnecessárias e falta de adaptação ao mundo real são apenas alguns dos erros que podem atrapalhar. Mas, com o conhecimento certo, você pode evitar essas armadilhas e garantir que a terapia seja um apoio genuíno.
Agora que você entende esses pontos, sinta-se mais preparado para acompanhar o processo e cobrar o que realmente importa. A ABA tem um potencial incrível, mas exige atenção e colaboração.Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre autismo e estratégias de intervenção, não hesite em acessar recursos adicionais, como o site Autismo em pauta.
Que tal compartilhar suas experiências ou dúvidas nos comentários? Sua história pode ajudar outros pais que estão na mesma jornada. E, se achou este artigo útil, compartilhe em suas redes sociais!
Juntos, podemos trabalhar para garantir que cada indivíduo com autismo tenha acesso às intervenções de ABA de mais alta qualidade e impacto possível. Obrigada pelo seu compromisso com essa causa importante!
Referências Bibliográficas
- ASHA (American Speech-Language-Hearing Association). (2021). Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) para Indivíduos com Autismo . Disponível em: https://www.asha.org .Acesso em: 25. Mar. 2025.
- Autism Speaks. (2020). Parent Involvement in ABA Therapy . Disponível em: https://www.autismspeaks.org . Acesso em: 25. Mar. 2025.
- BACB (Behavior Analyst Certification Board). (2020). Diretrizes para Conduta Responsável . Disponível em: https://www.bacb.com .Acesso em: 25. Mar. 2025.
- Kazdin, AE (2013). Modificação de comportamento em cenários aplicados . Journal of Applied Behavior Analysis .
- Koegel, LK, et al. (2018). Generalização de habilidades em intervenções de autismo . Journal of Autism and Developmental Disorders .
- LeBlanc, LA, et al. (2016). Coleta de dados em ABA . Análise do comportamento na prática .
- NAC (Centro Nacional de Autismo). (2015). Projeto de Padrões Nacionais, Fase 2 . Disponível em: https://www.nationalautismcenter.org . Acesso em: 25. Mar. 2025.